House of Corto Maltese
Felipe na porta do bar: homenagem aos marinheiros e piratas (Bruno Barata/Reprodução)
Antes que fosse hipster ser hipster, a House of Corto
Maltese ocupou um armazém de 1810 no Cais do Sodré, que ainda não era um
bairro hipster. A região, na Baixa lisboeta, apenas ensaiava deixar os
dias de boemia e frequência duvidosa para trás, mas ainda estava longe
de se tornar o point badalado que é hoje.
Detalhes da decoração: o hipsterômetro quebra! (Bruno Barata/Reprodução)
E lá estava Felipe e sua barba ruiva hipster, suas garrafas
exóticas e sua decoração… hipster (perdão), para “prestar uma homenagem
aos marinheiros e piratas que um dia habitaram esta zona”, segundo ele
justifica.
Sai um gin tônica: neste dia, com casca de laranja (Bruno Barata/Reprodução)
Explica-se: todo o ambiente foi inspirado nos quadrinhos do
italiano Hugo Pratt, criador do personagem Corto Maltese, um marinheiro
aventureiro nascido na ilha de Malta que empresta nome ao bar.
O caos delicioso: a bagunça mais aconchegante de Lisboa (Bruno Barata/Reprodução)
Mapas velhos, garrafas antigas e cordas dividem a cena com
aqueles que foram provavelmente os primeiros televisores inventados pela
humanidade, que ainda exibem imagens riscadas (mas de videoclipes
atuais), mesas com máquinas de costura, ventiladores, malas.
Máquina de costura e quadrinhos: belo garimpo (Bruno Barata/Reprodução)
Foi paixão à primeira vista. A primeira vez que passei na
porta e vi todo este caos divino uma força inexplicável me atraiu para
dentro e desde então eu não consigo parar de voltar – mesmo que o gin
custe um preço diferente a cada visita (e que você nunca saiba qual é
até pagar a conta) ou que Felipe use o mesmo copo, sem lavar, para repor
o drinque “porque assim fica melhor”.
Mais detalhes da decoração (Bruno Barata/Reprodução)
Uma ida à House of Corto Maltese nunca é igual a outra.
Ainda que eu me sente sempre na máquina de costura e me surpreenda
sempre da mesma maneira com a instalação sonora psicodélica dentro do
microscópico banheiro, o que vai no copo é sempre diferente. Às vezes é
zimbro, às vezes tem bitter, às vezes tem casca de limão ou de laranja.
Às vezes. Porque tudo depende da inspiração de Felipe.
A TV histórica: instalação de arte (Bruno Barata/Reprodução)
O horário de abertura também depende da inspiração de
Felipe. Teoricamente é às 21h de terça a domingo. “Mas não fala para
ninguém não, às vezes eu só chego às 22h, mas geralmente eu abro.”
Teoricamente fica aberto até as 2h. E se você vai ficando, lá no fim o
Felipe pode servir um de seus segredos: um Porto “muito louco”, um shot
de rum da Amazônia capaz de levantar defunto.
O meu drinque, a minha mesa (Bruno Barata/Reprodução)
O bar do Felipe nunca está lotado (mas tem sempre umas 2 ou 3
nacionalidades representadas), e assim é que é bom. Ele sempre te olha
com cara de quem está te vendo pela primeira vez, mas lá pela segunda
frase de conversa saca de uma história que você contou numa das
primeiras visitas, com riqueza de detalhes.
Felipe e o seu poder de reunir gente do mundo todo (Bruno Barata/Reprodução)
A House of Corto Maltese fica na Rua da Boavista, 118, no Cais do Sodré. Não aceita cartões, nem de débito – só cash.
Vai um refresco? (Bruno Barata/Reprodução)
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